Gases de petróleo liquefeito (GPL)

Os gases de petróleo liquefeito (GPL) são igualmente combustíveis derivados do petróleo. À temperatura e pressão ambiente estes produtos estão na forma gasosa, contrariamente ao que sucede nos combustíveis líquidos (por exemplo, as gasolinas e os gasóleos).

Nos GPL estão incluídos o propano, o butano e ainda misturas com finalidades específicas (por exemplo, o GPL Auto). Estes produtos são disponibilizados aos consumidores finais em garrafas, através de redes de distribuição canalizadas ou, no caso do GPL Auto, em postos de abastecimento de combustíveis rodoviários com venda ao público. Os GPL podem ainda ser fornecidos a granel, por intermédio de camiões-cisterna, a clientes de maior consumo, onde se incluem as indústrias, o segmento de comércio e serviços, etc.

Os GPL contribuem para a melhoria da qualidade de vida da população em geral, através de diversas aplicações: na confeção de alimentos, no aquecimento de água e de espaços interiores e exteriores, entre outras. Também o segmento industrial beneficia dos GPL, existindo aplicações em que, a par do gás natural, o seu uso é fundamental (por exemplo, nas cerâmicas e indústrias vidreiras).

A cadeia de valor dos GPL inicia-se na produção e refinação do petróleo bruto e inclui a armazenagem, o enchimento de garrafas, o transporte rodoviário, ferroviário, marítimo e fluvial em cisternas ou em garrafas e o transporte e distribuição através de redes canalizadas.

A comercialização de garrafas de GPL (butano e propano) é hoje em dia a principal forma de tornar disponível um gás combustível fora dos grandes centros urbanos, sendo particularmente importante nas zonas geograficamente mais remotas do território nacional.

Para saber mais, consulte GPL: Como funciona?

Importação

O crude ou petróleo bruto encontra-se em grandes reservatórios naturais no subsolo, frequentemente sob o leito do mar, na forma de um líquido espesso, escuro e inflamável e compõe-se de hidrocarbonetos misturados com enxofre, azoto e outros elementos em proporções variáveis.

Tal como extraído dos reservatórios naturais, o petróleo bruto tem pouca aplicação. Mas como matéria-prima, pode ser refinado em combustíveis utilizados para aquecimento, gerar eletricidade, alimentar motores de veículos, etc.

Não sendo um país produtor de petróleo, Portugal depende de importações de crude como matéria-prima para as refinarias nacionais ou, em alternativa, de combustíveis derivados do petróleo já refinados.

Refinação

As refinarias têm como objetivo converter o petróleo bruto em produtos derivados do petróleo como, por exemplo. os gases de petróleo liquefeito (GPL), as gasolinas, os gasóleos, o querosene, os óleos lubrificantes, o fuelóleo, os betumes e os asfaltos, e diversas matérias-primas para a indústria petroquímica.

As refinarias separam os constituintes do petróleo bruto através de processos de destilação, que se baseiam na diferença das suas temperaturas de ebulição. Quando o petróleo é aquecido nas colunas de destilação, entrando em ebulição, os seus vapores ascendem e vão arrefecendo, com as diferentes frações a condensarem a temperaturas diferentes, em diferentes alturas das colunas, de onde se retiram os produtos derivados do petróleo finais e intermédios.

As refinarias modernas dispõem de unidades de conversão que permitem que as frações mais pesadas, de menor valor económico e ambiental (por exemplo, o fuelóleo), possam ser convertidas em produtos de maior valor acrescentado (por exemplo, as gasolinas e os gasóleos).

As refinarias modernas dispõem também de unidades de tratamento através das quais são removidos elementos e compostos indesejáveis, tanto nos produtos intermédios, como nos produtos finais.

Em Portugal existem duas refinarias, em Sines e em Matosinhos, ambas detidas e operadas pela Petrogal.

Armazenagem

Os gases de petróleo liquefeito (GPL) são armazenados em reservatórios sob pressão esféricos ou cilíndricos, no estado líquido, permitindo que se acomodem grandes quantidades de energia em volumes não muito expressivos.

As grandes instalações dispõem de capacidades de armazenamento na ordem das dezenas de milhar de metros cúbicos, distribuídos por vários reservatórios. Estas instalações garantem a receção e expedição de produto de diversas formas (por exemplo, através de oleodutos, navios propaneiros, camiões-cisterna, cisternas ferroviárias e até garrafas de GPL enchidas na instalação).

Em Portugal existem três instalações de armazenamento de GPL que, pela sua dimensão, localização e relevância para o Sistema Petrolífero Nacional, foram declaradas de ‘Interesse Público’:

  • As instalações da Companhia Logística de Combustíveis, em Aveiras de Cima, que para além de combustíveis líquidos também armazenam GPL, dispondo de enchimento de garrafas e ilhas para enchimento de camiões-cisterna
  • As instalações da Pergás, na Perafita, que dispõem de uma capacidade de armazenagem de aproximadamente 14 mil metros cúbicos, dispondo de enchimento de garrafas e ilhas para enchimento de camiões-cisterna
  • A caverna de armazenagem de propano da Sigás, situada junto ao porto de Sines, que consiste numa gruta, aberta em rocha, a uma profundidade pouco superior a 120 m, que permite armazenar aproximadamente 83 mil metros cúbicos de GPL

Transporte e distribuição

Os gases de petróleo liquefeito (GPL) são transportados em navios propaneiros, em cisternas rodoviárias e ferroviárias e em garrafas de diferentes tipologias.

Em Portugal continental, o transporte das grandes instalações de armazenagem para os parques de GPL que abastecem grandes consumidores ou redes de distribuição é geralmente efetuado em camiões-cisterna. O transporte de GPL por via rodoviária obedece a apertadas normas de segurança, estabelecidas no Acordo Europeu Relativo ao Transporte Internacional de Mercadorias Perigosas por Estrada.

O transporte de GPL do continente para as regiões autónomas é realizado geralmente através de navios propaneiros. No caso de pequenas quantidades, o transporte marítimo pode ainda ser realizado através de contentores-cisterna em navios destinados ao transporte de carga contentorizada.

Comercialização

Os gases de petróleo liquefeito (GPL) são comercializados de várias formas: em garrafas de diversas tipologias, em redes de distribuição canalizadas, a granel através de entregas em camiões-cisterna nas instalações de grandes consumidores ou em postos de abastecimento de combustíveis rodoviários, na forma de GPL auto.

 

GPL engarrafado

Os gases de petróleo liquefeito (GPL) podem ser disponibilizados aos consumidores em garrafas (vulgo botijas), de propano e de butano. Estes dois produtos são intermutáveis, o que significa que os aparelhos de queima podem funcionar com qualquer um desses gases, sem que sejam necessárias adaptações, nesses aparelhos ou nas instalações de gás. Como o butano é menos volátil que o propano, é recomendável o seu uso em espaços interiores, em condições de relativo conforto térmico, sobretudo no inverno e em zonas frias.

Existe uma grande variedade de garrafas de GPL, desde as garrafas de propano de grandes dimensões (de 45 kg) até às muito pequenas (adequadas a pequenos fogões e lanternas de campismo). As mais vendidas são as garrafas metálicas de 26 litros de capacidade ou as garrafas mais leves, normalmente em material compósito, com aproximadamente 22 litros.

As garrafas de GPL são comercializadas em postos de venda, onde se inclui o comércio tradicional, os postos de abastecimento de combustíveis com venda ao público e as grandes superfícies. A comercialização também é feita através de serviços de atendimento telefónico ou em aplicações de internet, com entrega e recolha de garrafas ao domicílio. O mercado de GPL engarrafado é liberalizado, sendo o preço de venda ao público obtido em regime de concorrência.

Em Portugal estima-se que existam aproximadamente cerca de 50 mil pontos de venda de GPL engarrafado.

Pode consultar as características das garrafas de gás comercializadas em Portugal no Catálogo da ERSE.

 

GPL canalizado

Os gases de petróleo liquefeito (GPL), mais concretamente o propano, podem ser veiculados em redes de distribuição canalizadas, que são abastecidas a partir dos reservatórios instalados nos parques de GPL, localizados na proximidade das áreas onde se concentram os consumos.

O propano é recebido nestes parques a partir de camiões-cisterna, sendo armazenado no estado líquido. Posteriormente é vaporizado e alimenta as redes de distribuição, as quais disponibilizam gás aos consumidores finais de uma forma cómoda e segura.

As redes de distribuição são construídas em polietileno ou em aço, estando geralmente enterradas em domínio público. A ligação das redes de distribuição às instalações dos consumidores é efetuada por intermédio de ramais, sendo os fornecimentos medidos em contadores individualizados para cada cliente da rede.

O fornecimento de propano canalizado é uma forma bastante versátil de comercialização, adaptando-se a diversos segmentos de mercado (nomeadamente, o doméstico, o terciário e o industrial).