Combustíveis líquidos derivados do petróleo

Os combustíveis derivados do petróleo incluem as gasolinas, os gasóleos, os combustíveis de aviação (querosene) e de navegação, entre outros. Sendo utilizados maioritariamente no setor dos transportes, podem também ter aplicações industriais e domésticas.

A maioria destes combustíveis é disponibilizada aos consumidores em postos de abastecimento com venda ao público. Nos casos em que os combustíveis não se destinam ao transporte rodoviário, o fornecimento de grandes quantidades é feito a granel (por exemplo, em aeroportos, portos marítimos ou fluviais, indústrias diversas).

Os combustíveis que conhecemos obtêm-se geralmente a partir da refinação do petróleo bruto, que se extrai de jazidas naturais, sendo por isso recursos não renováveis obtidos a partir de uma matéria prima com reservas limitadas.

Para além da produção e refinação do petróleo bruto, a cadeia de valor dos combustíveis derivados do petróleo inclui as atividades de armazenagem, de transporte e de distribuição para junto dos locais onde é comercializado e utilizado.

A energia dos combustíveis derivados do petróleo é obtida através da sua combustão proporcionando atualmente cerca de 40% das necessidades energéticas deste planeta.

Para saber mais, consulte Combustíveis: Como funciona?

Importação

O crude ou petróleo bruto encontra-se em grandes reservatórios naturais no subsolo, frequentemente sob o leito do mar, na forma de um líquido espesso, escuro e inflamável e compõe-se de hidrocarbonetos misturados com enxofre, azoto e outros elementos em proporções variáveis.

Tal como extraído dos reservatórios naturais, o petróleo bruto tem pouca aplicação. Mas como matéria-prima, pode ser refinado em combustíveis utilizados para aquecimento, gerar eletricidade, alimentar motores de veículos, etc.

Não sendo um país produtor de petróleo, Portugal depende de importações de crude como matéria-prima para as refinarias nacionais ou, em alternativa, de combustíveis derivados do petróleo já refinados.

Refinação

As refinarias têm como objetivo converter o petróleo bruto em produtos derivados do petróleo como, por exemplo. os gases de petróleo liquefeito (GPL), as gasolinas, os gasóleos, o querosene, os óleos lubrificantes, o fuelóleo, os betumes e os asfaltos, e diversas matérias-primas para a indústria petroquímica.

As refinarias separam os constituintes do petróleo bruto através de processos de destilação, que se baseiam na diferença das suas temperaturas de ebulição. Quando o petróleo é aquecido nas colunas de destilação, entrando em ebulição, os seus vapores ascendem e vão arrefecendo, com as diferentes frações a condensarem a temperaturas diferentes, em diferentes alturas das colunas, de onde se retiram os produtos derivados do petróleo finais e intermédios.

As refinarias modernas dispõem de unidades de conversão que permitem que as frações mais pesadas, de menor valor económico e ambiental (por exemplo, o fuelóleo), possam ser convertidas em produtos de maior valor acrescentado (por exemplo, as gasolinas e os gasóleos).

As refinarias modernas dispõem também de unidades de tratamento através das quais são removidos elementos e compostos indesejáveis, tanto nos produtos intermédios, como nos produtos finais.

Em Portugal existem duas refinarias, em Sines e em Matosinhos, ambas detidas e operadas pela Petrogal.

Armazenagem

O armazenamento de combustíveis líquidos tem um papel essencial na cadeia de valor: por um lado, suporta as operações de logística e de abastecimento do mercado retalhista junto dos consumidores finais, por outro, assegura a existência de reservas que permitem responder a situações de emergência, crise energética ou falha significativa no fornecimento de petróleo e produtos derivados.

As instalações de armazenamento de combustíveis líquidos recebem produto através dos terminais de graneis líquidos dos principais portos nacionais, em Leixões, Aveiro, Lisboa, Setúbal e Sines, ou através de um oleoduto proveniente da refinaria de Sines, no caso da instalação da Companhia Logística de Combustíveis (CLC), em Aveiras de Cima.

As principais companhias petrolíferas operam diretamente instalações de armazenamento de combustíveis líquidos ou estão presentes no capital de sociedades que desempenham essa atividade. É o caso da CLC, participada pela Galp, Repsol, BP e Rubis, à qual, dada a sua dimensão e relevância, foi atribuído o estatuto de ‘Instalação de Interesse Público’.

As instalações de armazenamento de combustíveis líquidos dispõem de ilhas de enchimento de camiões-cisterna, que entregam produto a grandes consumidores e a postos de abastecimento de combustíveis líquidos com venda ao público.

Transporte e distribuição

Do armazenamento, os combustíveis líquidos são na sua maioria enviados para os postos de abastecimento com venda ao público, sendo o restante destinado à indústria, a outros sectores de atividade e à exportação. Esta atividade, designada por transporte ou distribuição, consoante a mobilização de produtos ocorre entre instalações de armazenagem ou entre estas e diversos postos de abastecimento, pode ser concretizada das seguintes formas:

  • Transporte em oleodutos, entre instalações de armazenamento ou entre estas e terminais portuários, refinarias e indústria petroquímica
  • Transporte via cisternas rodoviárias ou ferroviárias (no caso português, esta última sendo praticamente inexistente)
  • Transporte marítimo, para a mobilização de quantidades consideráveis entre terminais portuários

Comercialização

A comercialização dos combustíveis líquidos pode ser feita em postos de abastecimento com venda ao público, nos quais são disponibilizados combustíveis rodoviários (designadamente, gasolinas e gasóleos, simples ou aditivados e GPL auto).

Alguns postos de abastecimento dispõem de gasóleo de aquecimento e gasóleo colorido. O primeiro destina-se a aquecimento de piscinas, estufas, espaços interiores e exteriores, o segundo, também conhecido como gasóleo agrícola, apresenta uma cor verde que permite a sua deteção, destina-se ao consumo de determinadas atividades económicas e beneficia de uma redução da taxa de imposto sobre produtos petrolíferos.

Em Portugal, os postos de abastecimento com venda ao público têm normalmente associada a marca da companhia petrolífera que os fornece. Dos mais de 3 000 que constituem a rede retalhista nacional, cerca de 70% são detidos por marcas de companhias petrolíferas ou operados pelos seus revendedores, sendo os restantes explorados por marcas independentes. Mais recentemente, as grandes superfícies comerciais (hipermercados) têm investido na expansão de postos de abastecimento próprios, geralmente localizados nos espaços adjacentes.

O consumo de combustíveis líquidos nos meios de transporte rodoviário, onde se incluem os automóveis particulares, representa um encargo muito expressivo. O volume de vendas, em Portugal, no ano de 2017 chegou aos 5,5 mil milhões de euros, com o gasóleo rodoviário a representar aproximadamente 75% deste valor.

A comercialização de combustíveis líquidos inclui ainda os fornecimentos de combustível a granel nos aeroportos, nos terminais portuários, nos clientes industriais, etc.