ERSE debateu a descentralização e a flexibilidade associada à emergência dos mercados locais de energia

14/04/2023

A ERSE- Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos realizou, a 13 de abril de 2023, mais uma iniciativa ConvERSE sob o tema “Descentralização e Flexibilidade: a emergência dos mercados locais de energia” que reuniu em formato híbrido (presencial e online) cerca de 500 participantes.

Em debate estiveram os desafios e oportunidades subjacentes à criação dos mercados locais de energia, enquanto complemento ao investimento em redes de distribuição, tendo sido apresentados, no caso português, o projeto-piloto FIRMe da E-Redes, mas também experiências mais avançadas a nível europeu que nos chegaram de França e do Reino Unido, através do operador de rede ENEDIS e da Self Energy UK, respetivamente.

Um dos principais temas em discussão incidiu sobre a interação destas soluções locais de flexibilidade com o exercício otimizado de planeamento de redes. Em termos de planeamento, o recurso a este novo conceito é apontado como uma possível alternativa ao investimento clássico nas redes elétricas, sempre que sejam viáveis os serviços de flexibilidade disponibilizados pelos recursos energéticos distribuídos, sejam eles de produção, consumo ou armazenamento autónomo.

A descentralização da produção e, sobretudo, a emergência das soluções de flexibilidade de dimensão local são fundamentais para o processo de descarbonização e para a transição energética, defendeu o presidente do Conselho de Administração da ERSE. Pedro Verdelho considerou que para os projetos serem desbloqueados e se tornarem uma realidade, os procedimentos administrativos e regulatórios aplicáveis têm que ser simples e adequados à dimensão destes novos projetos e modelos de negócio, minimizando-se os custos de funcionamento e de transação observados e reduzindo-se as barreiras ao seu desenvolvimento. Tal permitirá uma descarbonização ao menor custo, mais próxima das pessoas, mais inclusiva, em locais já impactados pela ação humana e consequentemente com menores externalidades negativas.

Para o presidente da NEWES – New Energy Solutions e ex-presidente da ERSE, Jorge Vasconcelos, trata-se, sobretudo, neste processo de transição energética, de construir uma nova arquitetura do sistema energético: multissetorial, com integração de todos os vetores energéticos, e multinível, com envolvimento europeu, nacional e local.

Por último, foram abordados alguns exemplos práticos de soluções locais de flexibilidade – pela CleanWatts, Águas de Portugal, NGEN Smart Grids e Coopérnico – onde se pretendeu demonstrar que as soluções locais de flexibilidade são um modelo de negócio que respondem às necessidades dos operadores das redes elétricas, mas permitem também às empresas aproveitar em seu benefício as potenciais sinergias da exploração otimizada das suas instalações.

O administrador da ERSE, Ricardo Loureiro, que encerrou a sessão, sublinhou a importância destes debates para melhor identificar as barreiras regulatórias que possam limitar a concretização deste tipo de projetos. Acrescentou ainda que a ERSE tem optado por, nos temas inovatórios, incentivar a realização de projetos-piloto, que permitem ganhar experiência e avaliar os benefícios e custos das várias soluções num ambiente de grande transparência, de modo a posteriormente se avançar para a sua regulamentação efetiva e replicação num cenário de menor incerteza e risco.

Para mais informação, aceda às apresentações:

Abertura

Painel I – Mercados locais de energia: Complemento ao investimento em redes de distribuição

Painel II - Mercados locais de energia: Relacionamento entre pares e soluções de flexibilidade

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