ERSE debateu problemática do planeamento e da gestão ativa das redes do sistema elétrico nacional

01/07/2024

A ERSE – Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos realizou, a 28 de junho de 2024, mais uma sessão ConvERSE subordinada ao tema “Gestão ativa de redes e planeamento”, que é considerado um dos grandes desafios do sistema elétrico nacional nesta fase da transição energética rumo à descarbonização.

O ConvERSE, que reuniu cerca de 100 participantes, juntou vários especialistas do planeamento das redes elétricas e contou com a presença da Secretária de Estado da Energia, Maria João Pereira, na sessão de abertura, com a moderação do debate a ser efetuada pelo Diretor de Infraestruturas e Redes da ERSE, Jorge Esteves, e com o encerramento do Presidente do Conselho de Administração da ERSE, Pedro Verdelho.

Foram oradores Pedro Carvalho, do IST, Filipe Pinto, da DGEG, João Afonso, da REN, Luís Alves, da E-Redes, Luís Marçal, da Siemens Portugal e Manuel Lemos, da Enline Energy.

A descarbonização da sociedade, muito pressionada por uma forte eletrificação, exigirá novas necessidades de investimento em redes elétricas e mais eficiência na utilização da rede existente, de modo a assegurar, simultaneamente, condições de acesso às redes a preços acessíveis e em condições de segurança e qualidade de serviço razoáveis para todos os utilizadores, e uma minimização dos impactos no território.

A melhoria do planeamento das redes e a agilização da flexibilidade na gestão das redes com o maior número de soluções possíveis, foi um dos pontos abordados pela Secretária de Estado da Energia que sublinhou a importância de se promover em Portugal a “reindustrialização verde”.

A cada vez maior integração de energias renováveis na rede e a dispersão da produção em pequenas unidades de autoconsumo, coloca muitos desafios ao gestor técnico global do sistema no planeamento das necessidades de investimento em redes, importando, como tal, fazer evoluir o atual paradigma determinístico para um mais probabilístico baseado num número cada vez maior de simulações de trânsitos de energia na rede, probabilidade associada e de outros parâmetros.

Neste aspeto, foi destacada a necessidade de se aumentar a observabilidade das redes em termos reais, tendo-se apontado instrumentos como o DRL (Dynamic Line Rating) e outros projetos de supervisão detalhada das redes, como a sensorização e a digitalização das redes.

A integração em níveis históricos de energia renovável nas redes levanta também diversos desafios, designadamente ao nível: (i) da adaptação do sistema quanto à conciliação entre os diagramas da produção e do consumo e a inerente volatilidade de preços de curto prazo resultante dessa mesma desadaptação, (ii) da necessidade de novos investimentos nas redes para rececionar a energia de fontes renováveis, afastada dos centros de consumo e com utilizações reduzidas de potência, que pressionam as tarifas de acesso às redes. Com efeito, o custo das redes é fundamentalmente condicionado pelas potências de produção a rececionar e de consumo a satisfazer, sendo o nível tarifário do acesso às redes impactado pela energia a veicular. Uma adequada gestão ativa das redes e um planeamento que incorpore os benefícios dessa mesma gestão ativa é fundamental para promover um alinhamento entre a evolução das necessidades de potência das redes e de energia a veicular pelas mesmas redes de modo a garantir estabilidade tarifária no acesso às redes.

Neste ponto, o presidente do Conselho de Administração da ERSE, Pedro Verdelho, referiu que os fatores que estão a pressionar as redes são “claramente a crescente eletrificação do sistema energético”, acrescentando que o “processo de descarbonização do setor elétrico, com a integração crescente das energias renováveis, é muito exigente em termos de redes”. A dimensão local da produção e do consumo “acentua o problema” da pressão sobre as tarifas de acesso e “levanta também desafios na gestão do sistema”, sublinhou.

Os desafios que atualmente se colocam à gestão e ao planeamento de redes exigem “decisões informadas” que consigam “ouvir todas as partes”, sublinhou o presidente da ERSE, defendendo que a solução passará por um conjunto de instrumentos como a hibridização das tecnologias, a gestão ativa das redes, a flexibilidade e, por último, novas formas de financiar as redes que consigam “aliviar a pressão sobre as tarifas de acesso às redes”.

Para mais informação, aceda às apresentações:

Gestão Ativa de Redes e Planeamento Pedro Carvalho, IST

Gestão Ativa de Redes e Planeamento Luis Alves, E-Redes

Energy Transition Challenges Luís Marçal, Siemens Portugal