ERSE promoveu debate sobre o funcionamento e modelos de organização da mobilidade elétrica no âmbito da eletrificação

30/06/2023

A ERSE- Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos realizou, a 28 de junho de 2023, mais uma iniciativa ConvERSE sob o tema “A caminho da eletrificação: funcionamento e modelos de organização da mobilidade elétrica” que reuniu em formato híbrido (presencial e online) cerca de 250 participantes.

Em destaque esteve a aplicação do regulamento europeu AFIR – Alternative Fuels Infrastructure Regulation, recentemente aprovado pelo Conselho Europeu e pelo Parlamento Europeu, que vem definir novas metas relacionados com as infraestruturas de carregamento e abastecimento de combustíveis alternativos para baixar a emissão de gases poluentes nos setores do transporte e turismo.

O presidente do Conselho de Administração da ERSE, Pedro Verdelho, considerou a mobilidade elétrica como uma “revolução silenciosa” que é incontornável e já está a acontecer, bem como a importância da regulação da ERSE neste setor para combater e reduzir as barreiras à entrada dos operadores.

 “É importante mitigar as barreiras à entrada, reduzir a burocracia através da regulação para que a mudança seja uma realidade plena”, observou. Sublinhou, igualmente, a importância da regulação conferir previsibilidade para quem investe na mobilidade elétrica.

A presidente do LNEG, Teresa Ponce de Leão, destacou a importância da regulamentação AFIR na dinamização da mobilidade elétrica, afirmando que o regulamento europeu determina que as infraestruturas de carregamento têm de ser públicas e acessíveis a todos e que tem de haver um sistema de pagamento universal, modelo que deve ser repensado pelo Governo português.

Os intervenientes dos dois painéis, que foram moderados pelo Diretor de Consumidores de Energia da ERSE, Pedro Costa, e pela diretora das Tarifas, Preços e Eficiência Energética da ERSE, Isabel Apolinário, debateram as diferentes visões que têm para o setor da mobilidade elétrica, nomeadamente em relação ao atual modelo de mobilidade existente em Portugal.

Carlos Sampaio, da Elergone, defendeu que o atual modelo de mobilidade elétrica tem muitas barreiras e um elevado número de intervenientes, o que torna o sistema pouco eficiente. “Entendemos que é imperativo a criação de um ecossistema democrático na mobilidade elétrica, que fomente a inovação, a competitividade, a eficiência e seja acessível a todos os stakeholders”, referiu.

Andreia Carreiro, da CleanWatts, destacou o papel do veículo elétrico como agente das comunidades de energia, enquanto equipamento de produção e armazenamento.

“Precisamos de um novo enquadramento regulamentar que seja inovador, flexível e moderno”, bem como reforçar a ligação entre o Sistema Elétrico Nacional e Mobilidade Elétrica.

Hugo Pinto, da AMME - Associação dos Utilizadores e Promotores do Uso de Veículos Elétricos, relembrou o papel pioneiro de Portugal na dinamização da mobilidade elétrica e na criação de condições para o seu crescimento e defendeu o fim da obrigatoriedade do uso da EGME como parceiro de operação pelos intervenientes da mobilidade elétrica, a liberdade de escolha de origem na energia e a redefinição das regras de acesso aos espaços de carregamento.

Por seu turno, Pedro Faria, da UVE - Associação dos Utilizadores dos Veículos Elétricos, centrou a sua intervenção na proposta de simplificação do tarifário da rede pública de carregamento, tal como a diferenciação de custo por tipo de tomada ou potência de carregamento. Outro aspeto referido foi a cobrança em energia (por KWh) com uma taxa suplementar por tempo (minutos), após determinado período de utilização.

No segundo painel, Luis Barroso destacou a importância da MOBI.E enquanto gestora da rede de mobilidade elétrica, bem como o papel de assessoria prestado ao Governo na definição de políticas públicas nesta área. Sublinhou ainda as vantagens da MOBI.E, que permitiu a integração com o setor energético e a interoperabilidade de redes privadas de carregamento, a acessibilidade de informação e a facilidade de utilização enquanto fatores de sucessos do projeto de mobilidade elétrica em Portugal.

Carlos Ferraz, da APOCME- Associação Portuguesa de Operadores e Comercializadores de Mobilidade Elétrica, afirmou que os agentes de mercado têm se unir para impulsionar o crescimento da rede de carregamento público e que as redes de operadores, fora do quadro legal, devem ser fiscalizadas.

Já Daniela Simões, da Plataforma MIIO, sublinhou as tendências de mercado que devem ir de encontro aos desejos dos consumidores, no sentido da simplificação e de evitar a ansiedade do carregamento por parte dos utilizadores. Defendeu, por isso, que as infraestruturas da mobilidade elétrica precisam de se expandir e que os veículos e a rede terão de ser organizados através de um carregamento inteligente.

António Amorim, da E-Redes, realçou que o autoconsumo coletivo pode ter um papel importante, enquanto facilitador na integração da produção com origem renovável da mobilidade elétrica e a importância que poderão assumir os serviços de flexibilidade através das redes.

O administrador da ERSE, Ricardo Loureiro, encerrou a sessão, sublinhando que a mobilidade elétrica só será uma realidade quando os utilizadores dos veículos elétricos percecionarem que as vantagens são iguais aos veículos a combustão, destacando que há ainda muito trabalho a desenvolver e que a ERSE terá um papel relevante, atentas as suas competências no setor.

Para mais informação, aceda às apresentações:

Oradora principal

Novidades do Regulamento AFIR -Teresa Ponce Leão, LNEG

Painel I

Carlos Sampaio, Elergone

Igniting the energy transition where it matters most: locally - Andreia Carreiro, CleanWatts

Hugo Pinto, AMME

A Mobilidade Elétrica em Portugal - Pedro Faria, UVE

Painel II

A caminho da eletrificação - Luís Barroso, Mobi.E

Carlos Ferraz, APOCME

Daniela Simões, Plataforma MIIO

Mobilidade elétrica com autoconsumo associado- António Amorim, E-Redes

 

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